sexta-feira, julho 14, 2006

Era melhor ter virado a madruga em casa...

'... Sexta-feira. Fazia horas que não aparecia por lá. E na verdade não fazia muita falta, já que das últimas vezes não tivera o prazer de conversar com pessoas legais.
Já estava acostumada com a vida quase solitária que levava.

E era melhor assim. A tarde ia sentar-se no pátio para ler uma revista, continuar algum livro qualquer. Esquentava-se com o sol, pensava no que fazer nas horas seguintes. À tarde, outras ocupações e algumas obrigações. Virava as madrugadas lendo poesias, ou senão escrevendo bobagens. Quando a carga cansava, procurava alguma companhia. Não raro, a casa de algum amigo ou amiga. O que era apenas uma conversa informal, de filosofia de garrafão de vinho, tornava-se o estímulo para suas reflexões, seus textos. Ou então ia até um café, levava seu caderninho de rabiscos e lá ficava a observar. Ainda tinha raros conhecidos que gostavam de falar sobre algo mais ‘construtivo’, geralmente discutiam sobre filmes ou músicas.

Era melhor ficar em casa. Nos últimos tempos só deparava-se com pessoas que viviam num mundinho superficial, chegava a dar nojo. Mas era sexta-feira. Virar mais uma madrugada lendo poesia, ou quem sabe, conversando via msn? Decidiu ir àquele lugar que há tanto não ia. E foi. Chegaram cedo. E como odiava isso. Chegar quando ainda é cedo demais e tudo está vazio,ou ir tarde demais, quando tudo está esvaziando.
Mas lá estavam. Não demorou muito e o DCE lotou. Alguns conhecidos. A tal animação estava oscilando. Quando de repente, uma olhada daquelas (“Foi mesmo para mim?”). Não que fosse o cara mais lindo de lá. Mas foi legal, interessou-se por alguém, algo que há muito não acontecia. Não agüentava ‘quase ter intimidade’ com as pessoas. Virou para o lado, sem muita animação, e comentou com um amigo: “Bah!Agora sim isso aqui tá melhor.” E foi isso.

Olhou ao redor. Não agüentava mais a falsidade de algumas pessoas que por ali estavam.-Vou dar uma volta!. Conversou com alguns conhecidos, conheceu pessoas não tão legais. E voltou para onde estava. Revoltava-se ainda com algumas pessoas. Preferiu ir passear de novo.
Que sono! Tava demais. Encontrou um velho conhecido que agora fazia Publicidade e Propaganda lá em Poa. Mais uma volta, algumas rápidas conversas. E lá estava o tal carinha. Deve ter feito a mesma cara de antes, de assustada. Era legal...olhou bem rápido. Um jeans legal, assim como a camiseta, (que devia ser Marka Diabo ou Mono), uma jaqueta desbotada e um bom e velho All Star preto, igual ao seu.

Pensou: -PQP! Só pode ser da história ou comunicação. Hum...mas bem que podia ser da filosofia. Há tempo não conheço um. Ah! Vai ser sorte demais. Só o que falta me dizer que toca guitarra em alguma bandinha. Aí tô ferrada. He!
Mas ele parecia ser legal, até. Foi dar mais uma volta. Tava muito cansada. Sentou encostou a cabeça na parede e conseguiu dormir em meio aquela barulheira.
Acordou sem nem ter idéia do quanto tinha dormido. Começou a tocar Black Crowes e sem querer, meio sonolenta, deu um empurrão em alguém. Alguém? Quem? Sim, no tal carinha. Não demorou dois segundos e já estavam num papo bacana:
-Bah! Tu curte Black Crowes também?. E aí foi. Após, claro, falar sobre Beatles e afins, resolveram apresentar-se.
- Sabia! Comunicação! Jornal! É maldição já!- pensou.
Estudava na PUC e disse lembrar-se dela, de um evento que acontecera por lá ano passado. E era amigo do seu amigo que cursava PP. Hum...essas ‘coincidências’!

Pois é, e foi esse o seu retorno ao DCE.
Descobria-se semanas depois que era melhor ter ficado quieta e nunca ter dito "Bah! Agora sim isso aqui tá melhor.”
Melhor? Ah! Aquela barba, olhos claros e cabelos cacheados agora só são vistos via MSN.
Não é todo findi que se pode ir à Poa.
Ou que se pode reaprender a vida quase solitária... '

(09/07)

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