I
. . . Planos para hoje:
*Manhã: acordar cedo, cuidar de sobrinha, arrumar a casa, lavar roupa.
*Tarde: começar a ler o livro que há horas quero ler-mas sempre fico enrolando e acabo lendo outra coisa qualquer. Tentar reiniciar contatos com pessoas que se tornaram, de algum modo, distantes.
*Noite: ver um filme qualquer e logo após visitar alguém que sempre me faz bem.
Um dia que poderia ser bem aproveitado e satisfatório.
Mas, logo pela manhã, o dia se apresenta nublado.
Motivo suficiente para despertar mudanças de planos
(e nem por isso deixar o dia de menor agrado).
Acordo cedo, cumpro obrigações de tia (tarefa realizada com a maior vontade do mundo),
mesmo com a condição de ter que acordar cedo
(entende-se por cedo 8:30).
E isso se torna muito cedo, visto que a madrugada foi longa e irritadiça.
Madrugada de calor e falta de luz
(o que abortou a possibilidade de assistir filme ou começar a ler o livro que há horas quero ler).
E o fim da manhã nublada acabou em horas de sono.
Ou quase...
Toca o telefone. E não sou eu quem o atende.
– Nessa!
-Hmmm!!!
-Pra ti.
(Nessa pensa: pqp)
II
- Boa tarde! Senhora Vanessa Ayres?
- Oi . . .
- Eu sou a fulana (fulana porque sempre pronunciam o nome de forma mais arrastada do que o resto das outras palavras), do banco tal (tal pois não tem o porquê fazer propaganda de banco por aqui).
(Nessa pensa: mas eu não to devendo nada)
- A senhora foi contemplada com o nosso plano...e blábláblá. Deixando apenas 50 reais na sua conta a senhora concorre a blábláblá(...)
(Nessa pensa: pensa em alguma desculpa para cortar de vez aquele telefonema mais que inconveniente. Desligar?)
Não, não...atitude de muito mau gosto.
Ou não...!Reluta e acaba por lembrar da desculpa que, na maioria das vezes dá certo- na maioria.
-No momento eu não tô interessada.
E se essa desculpa tinha 99% de dar certo, o um por cento prevaleceu.
- Mas a senhora não tem interesse de ganhar 250 mil reais?
(Nessa pensa: não, acho que acabo de me tornar um ser desinteressado)
-Ã...olha só...(claro que o certo seria falar “escuta só”, mas ninguém é perfeito), na verdade eu acho até que vou encerrar essa conta e...
-Encerrar?
(Nessa pensa: aimeudeus! Eu não tinha nada mais estúpido pra falar?)
Mas tinha outra coisa mais estúpida pra responder...
- Porque sim!
-Mas senhora Vanessa. A senhora não tem sonhos, planos de vida?
(Nessa pensa: a 'apelação' dessas pessoas é pouca)
- Pense senhora Vanessa...a senhora foi contemplada entre tantos cidadões brasileiros (claro que o certo seria falar- bom...acho que vocêssabem-mas ninguém é perfeito).
(Nessa pensa: é...tantos cidadões)
(da qual não me lembro- poderia ter anotado para usar na próxima vez. )
Sim...sempre tem a próxima vez.
E algumas pequenas coisas- como essas- me abalam.
porém, não na mesma ordem.