quinta-feira, março 29, 2007

Caio (de novo)

“...Houve um tempo em que não nos conhecíamos, e esse tempo em que passamos desconhecidos e insuspeitados um pelo outro, esse tempo eu lembro".

Lembrando alguns momentos, os mesmos que pensava quando escrevi o texto abaixo, foi impossível não pensar tanto alguém. Instantes relembrados com um sentimento que não tenho a intenção de denominar, até porque já tentei e não consegui.

“Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo sem a menor tentativa de resistência, não porque aquilo fosse terrível ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse- e talvez tenha sido terrível, sim,é possível, talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado, a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou depois de tudo. Porque alguma coisa ficou”.

“Porque alguma coisa ficou”.

E se ficou...já não sei.
Agora, escrevendo essas coisas que podem não ter importância, toca uma canção que podia ter sido especial para duas pessoas. E só é para mim.

Ele ainda nada falou se para ele também é.
A canção continua tocando. Coincidência. Pensando em uma pessoa, escrevendo sobre uma pessoa, “aquela” música toca e se expande pelo apartamento vazio. Agora penso: “Ah, bobagem tudo isso”.

“Então tentei dar uma ordem cronológica aos fatos: primeiro quando nos conhecemos; logo a seguir a maneira como esse conhecimento se desenrolou até chegar no ponto em que eu queria, e que era o fim, embora até hoje eu me pergunte se foi realmente um fim”.

* “É impossível descobrir que se sente algo depois!
Não me vem com essa, Vanessa”.


As citações aí são (de novo)

de Caio Fernando Abreu.
Espero ficar um tempo sem referências. Tornou-se impossível não usá-las. É como quando toca uma música que quer dizer exatamente como nos sentimos ou o que pensamos. Como a que continua tocando. Penso de novo: “Ah, bobagem tudo isso”.
Já a última frase é um breve fragmento de uma confessional conversa entre amigas.
E ela me diz sempre a verdade e eu continuo acreditando na mentira.
Ah, bobagem tudo isso.

Semana que vem . . . novos rumos. Ou o mesmo, né?!
(Coloco a canção para tocar de novo)


terça-feira, março 27, 2007

O Dia de Ontem (na noite de ontem)

Sem tempo, esquecimento, preguiça!
Segue texto que deveria ter postado aqui
na última quinta-feira (15 de março).

. . . Há horas penso em algo.
Em algo que não se precisa pensar muito.
Talvez o tempo necessário para se ter consciência.
Nos últimos dias, esse algo que não precisa muito tempo para se pensar, tem ocupado boa parte dos segundos de cada minuto em que nada tenho para fazer. E mesmo quando faço qualquer coisa para me distrair desse algo, lá está ele, estampado na página 113:

“Ainda ontem à noite eu te disse que era preciso tecer. Ontem à noite disseste que não era difícil, disseste que um pouco irônica que bastava começar, que no começo era só fingir e logo depois, o fingimento passava a ser verdade, então a gente ia até o fundo do fundo”.

O trecho acima resume boa parte da teoria desse algo que tanto penso.

Mas não mais somente pensarei.
Não mais pensarei.

“Eu te disse que estava cansado de cerzir aquela matéria gasta no fundo de mim, exausto de recobri-la às vezes de veludo, outras de cetim, purpurina ou seda- mas sabendo que no fundo permanecia aquela pobre estopa desgastada.”

As palavras dos fragmentos aí valem por muitas que preencheria esse post nas minhas palavras.

Sem mais por hoje . . .

O entre aspas aí refere-se ao conto

"O dia de ontem", de Caio Fernando Abreu.

quinta-feira, março 15, 2007

Primeira vez, primeira noite . . .

. . .
Sim, foi ontem. Inesquecível e agradável.
A primeira noite que passei sozinha com ele, nele.
Um lugar legal. Ele desconhecido. Porém, em poucos dias, menos de uma semana, estava ele "com a minha cara". Identificação.
Minhas coisas já estavam lá. Então, estava eu muito à vontade.
Sentia-me em casa. E era mesmo.

Primeira vez, primeira noite!
Foi bem tranqüila. Meus cartazes colados na parede, meus livros na prateleira, meus cd's na estante e meus discos jogados no chão que, assim como eu, sentiam falta do toca-disco que está na loja para ser consertado. Mas era tudo meu.
Eu ali, pela primeira vez sozinha com ele. Só nos. O meu apartamento e eu.

4 da madrugada e tentava dormir numa casa que não era a mesma que há mais de quinze anos morei. Não é mais ela, é ele. Mas prefiro continuar chamando de casa. Ap?! ...não! Agora é uma casa. Só minha.
Tentava dormir. Os tic-tacs dos relógios e eu numa primeira noite na nova casa . . .


Escrito na noite de 14 de março de 2007.


*Ah! Há horas não havia nada por aqui!
Mas agora vai!
. . .