segunda-feira, maio 28, 2007

Vontades . . .

De novo. Horas sem nada por aqui.
Muitas coisas novas por aí!
Até me "assegurar" das boas notícias, segue textinho:

...VONTADES...
E SEM QUALQUER VANTAGEM



'. . . Sinto um peso nas pálpebras como nunca antes.
São oito e meia da manhã e estou tonta. Sono, fome, abstinência, outra razões não seriam. Estou em frente ao computador me entretendo com um jogo idiota. É preciso juntar três peças iguais, é quase como um tetris(acho que é esse o nome). Mas não consigo mexer o mouse nem fixar os olhos muito tempo no colorido do monitor. A tontura aumenta, e dessa vez vem acompanhada de enjôo. Da janela, aberta desde o amanhecer, vem um cheiro de comida. Não consigo saber o quê.

Talvez tenha fome. Não consigo comer, não dá vontade. Tentei comer pipoca durante a longa madrugada, mas nem os milhos estourados saciaram a minha forçada vontade de comer. Ontem, as únicas coisas que couberam no meu estômago foram 150ml de chá de maçã e várias doses de café, bem fortes e doces. Droga! Preciso esperar o banco abrir para sacar o dinheiro e poder comprar cigarros. Mais de 24 horas sem fumar e, quase que conseqüentemente, sem comer.

Coloco algumas músicas e olho para o lado esquerdo: uma cama que está há mais de 24 horas sem ser "estendida". Mas não posso dormir, daqui a pouco o banco abre. E estou há bem mais de 24 horas sem dormir. As músicas saem das caixas estouradas do computador. Mas eu estou com fones. Arrumei o som e posso escutar as canções com mais satisfação. Essas canções...fiz uma lista aqui que só me fazem lembrar. Lembrar...foi isso que fiz a maior parte do tempo dessa madruga.

Não só lembranças eu vi. Vi também dois filmes, e um deles fez-me então lembrar. Não o tinha visto antes. Porém, era bem o tipo de filme que o meu irmão mais novo costumava alugar na locadora, a qual ficava a duas ou três quadras de casa. Da nossa casa. Agora não é mais nossa, não é minha, nem dele. Pertence a um desconhecido qualquer.
E eu sinto falta de muitas coisas. Mesmo dessas vezes em que, obrigada, tinha que assistir a filmes bestas com o meu irmão. Mas valia a pena pela companhia. E a saudade aumenta e aumenta!

E os telefonemas quase diários só fazem crescer a vontade de estar perto de quem longe está por vários quilômetros. Cada vez que desligo o telefone, me dá uma vontade de pegar carona e ir. Ir?! Não posso. Tenho que ficar. Responsabilidades por aqui e não parecem fáceis, já que algumas delas não estão sendo levadas a sério. E não é devido à má vontade minha, não é mesmo. Acho que semana que vem darei um jeito de ir. Ir, estar perto de pessoas que me fazem tanta falta.

Até já sei o que fazer. Chegarei em Porto Alegre perto do meio-dia, espero meu irmão, almoço com ele, só para relembrar alguns meses atrás, quando os tais encontros nesse horário eram diários. À tarde vou a lugares dos quais também saudades ficaram. Encontro também algum amigo ou amiga antes das cinco da tarde, porque a tal hora meu irmão estará me esperando na Rua da Praia, ali pela CCMQ, e então juntos aguardaremos a carona do nosso pai, que terá viajado mais de uma hora para nos buscar. Vamos até uma cidade ali perto e ... Droga! Tô com vontade de chorar, a tontura não pára e a lista de músicas já repetiu umas cinco vezes.
Vou tomar banho.
Daqui a pouco preciso comprar cigarros . . .'

terça-feira, maio 01, 2007

Cúmplices . . .

*Para ler ao som de “Wish you were here”

(ou qualquer faixa do disco “O Inimitável”)

. . .
Na verdade...na verdade...sempre o adorei. Mesmo sabendo que ele sentia a coisa mais pura por mim, sem nunca isso admitir. Não chegava a ser orgulho. Qualquer outro sentimento que não este. Agora, após anos de convívio e, sendo os últimos repletos de desentendimentos e angústia, percebo que ele sempre me entendeu. Não aceitava o meu jeito. E ainda não aceita.
Nem sei se ao menos compreende. Acho que entende.

“Não sei porque, Nessa. Mas eu sempre gostei de dormir com os pés assim, pra fora da cama. Cama com guarda pra mim...bah!Tenho pavor.”

Essas revelações compreendo como a mais pura ânsia de intimidade numa relação que nunca vai acabar. Não sei se foi o tempo. Ficamos longe um tempo. Meses, mas que valeram por anos. Talvez ele saiba: estou pronta para viver sozinha.
E daqui a pouco serão mais e mais quilômetros, mais e mais horas de distância.

Disse ainda ontem que sempre soube que essa história de maturidade ele nunca acreditou ter idade. Não sei exatamente o que quis dizer. Se me acha madura, -que palavra horrível, talvez prudente seja menos pior. Isso: se me acha prudente, eu realmente não sei. Ainda soou estranho. “Madura ou prudente?” Ah, indecisão. Indecisa eu? Sim, mas ele sempre está pronto para me ouvir e se irritar com tantas dúvidas.

Mas ele compreendeu até o meu pior porre. E me pediu calma, controle. Não responsabilidade, porque até mesmo quando brigávamos e ele me chamava de irresponsável, sabia eu que era da boca pra fora. Até quando me vê acender um cigarro atrás do outro ele me pede calma, controle. Ele sabe, e só me pede calma, controle.
Não consigo olhar para ele senão com ternura. Afeto sempre tive, mesmo em épocas em que não nos entendíamos por completo, ou fingíamos isso não querer.

Ele me entende sim. E, depois de escrever essas poucas linhas, creio que também me compreende. Sempre me diz “Não é fácil”. E não sei por qual motivo, isso sempre me acalma e me desperta esperança, até em causas que acredito estarem perdidas. Mesmo quando a casa está cheia, ou as ruas repletas de vozes entrelaçadas em diálogos superficiais, ele me confessa. Me confessa seus problemas, anseios e preocupações. Porque ele sabe: não importa os quilômetros e horas de distância. Eu estarei esperando ele -ou indo até ele.


Inúmeras as vezes que me permitiu ficar horas ouvindo músicas e discutindo Beatles, Pink Floyd, Jovem Guarda...E me permitiu presenciar lágrimas tantas outras vezes...ao som de belas canções.
Porque somos assim: cúmplices
e destinados a viver um para o outro . . .