terça-feira, setembro 25, 2007

Prova a favor de indecisões, incertezas e rompimentos- até que outra fotografia prove o contrário . . .

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'Tantas dúvidas...ou mais uma vez complicadas indecisões. Não compreendia a diferença entre decidir alguma coisa ou deixar as agonias desencadearem involuntários tremores em
suas mãos, braços e pernas.
As mesmas mãos, que agora estavam com pequenas manchas rosadas de tanto frio, tremiam e queimavam entre as varias doses de café da noite anterior.

Decidir alguma coisa...decidir o quê?
Nem mesmo a longa conversa da noite passada fez algum sentido.
E sentido é o que não via nas coisas que pensava precisar decidir. Ou via...e havia muito sentido nessas dúvidas e indecisões.
E tanto havia que já não mais parava de pensar.
Parou. Ouviu o vento cantarolar frio. Lembrou das últimas noites chuvosas. Pensou...não nas decisões que pensava precisar decidir. Pensou na idiotice que era lembrar as últimas noites,
ainda que chuvosas. Ainda que aproveitas na medida.


Medida...equilíbrio- Isso!
Era ponderação o que faltava.
Ou sobrava. Nem mesmo isso saberia dizer.
Não durante aquela última crise de tremor.
Não conseguia alcançar o livro. Nem queria ler.
Mas não queria pensar...pelo menos não nas coisas que acreditava precisar decidir. Um telefonema talvez ajudasse.
Ou complicasse ainda mais as dúvidas e incertezas.

Lembrou da fotografia. Tal lembrança não era tão idiota como quando se lembrou das últimas noites chuvosas.
E, ao lembrar da fotografia, lembrou também que ao vê-la, escura e desconhecida, não fossem o único conhecido no centro da imagem fria, teve a sua última crise.
Crise de tremor. O motivo do tremor...A fotografia.
Não a fria-imagem-em-si.
Havia sido a descoberta de que o centro
da sua atenção não fora o mesmo da atenção dele naquela não tão distante noite.


Noite que não era chuvosa. Noite que fora apenas uma confirmação do que acreditava que pudesse acontecer- mas não acontecera,
não sabia se aconteceria e descobrira, ao ver a fotografia,
não querer arriscar. O centro da atenção dele estava distorcido, conseguiu perceber. A fotografia fora a confirmação, única segurança de uma certeza, embora todos dissessem que a suspeita, agora com o recorte ratificando o que não queria ter certeza,
fosse apenas delírio de um período de tantas incertezas.

Parou.
Pela última vez parou.
Conseguiu controlar os involuntários tremores.
Então, decidiu decidir o que todos acreditavam
não ser a decisão certa.
De uma vez, decidiu três coisas que nem sabia tratarem mesmo de decisões. Não acreditar no que os outros acreditavam.
Acabar com a dúvida que se transformara em certeza ao compreender que o centro da atenção dele não era igual ao seu naquela noite- ou pelo menos estava distorcido.

E, por último, decidiu decidir a segunda decisão antes da próxima sexta-feira, já que aquele dia de frio e tremor era segunda-feira, mas o fato de ser segunda-feira não interferia em nada, serviria apenas de justificativa para ter decidido um dia para decidir. Organizou pensamentos. Decidiu tudo. Relembrou a fotografia. Confusão. Decidir...decidir o quê? Pra quê?
Impedir que o seu centro de atenção também fosse percebido por uma câmera qualquer...e antes da próxima sexta-feira.'


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