quarta-feira, janeiro 24, 2007

Sem culpas e (in)decisões!

Um bom começo de semana, uma boa notícia logo pela manhã.
A vida vivida devagar e sem preocupar-se demais com coisas que exigem preocupação, já que a preocupação demasiada é, na verdade, exigida por nós.
Sem muita ânsia. Calma, até quem mal me conhece assim me caracterizou. Uma pessoa tranqüila. Não, ultimamente aprendi a ser ainda mais tranqüila. Aprendi...não! Transformações involuntárias.

- Segue textinho aí abaixo:

Decisões.
“. . . Ooh I need your love babe...
. . . Hold me, love me...”
Uma terça-feira. Muito queria chegar cedo em casa, ali pelo início da noite. Claro, com uma parada rápida antes da chegada ao lar. Desviei caminho, dei voltas e voltas, mas que me fizeram parar no mesmo lugar, no mesmo bar. Parei ali, parei de tomar remédios. Uma Polar que demorou um século para chegar a minha mesa. E quando chegou estava quente. Já que a vida é feita de decisões (mesmo a minha tenha sido tomada de indecisões), decido ir para casa logo, antes que encontrasse um conhecido. Antes, claro, uma volta. Estava ”cedo” e o outro lugar ainda estava vazio. Na televisão vejo John Lennon e reconheço: “Bah! Agora vem Jumping Jack Flash”. Senti obrigação, puxei a cadeira e ali fiquei. Acabou o “Circus”. E o cara do balcão pergunta: “e o que podia ser agora?”. Hum...Beatles?!
Começou a rolar um documentário que sempre rola nesse bar.
Cinco minutos depois, vou até o balcão. “Não, o que tava rolando semana passada. Era o cd”. Ele disse que esperaria, o pessoal estava gostando, mas que sem demora colocaria o cd.
Mas eu queria ir, antes que algo acontecesse e eu tivesse que decidir entre ir para casa ou ficar até a hora do bar fechar mais uma noite. E eu disse que estava indo. Ele disse que estava cedo. E começou a falar que se fosse para casa eu ficaria triste, que ficasse ali, tomasse uma cerveja. Triste? Sabia ele há quanto tempo eu não tinha uma noite sem passar por ali. “Mais uma cerveja?”- pensei. Até que não seria nada mal. Mas e o dinheiro? Não tinha mais, teria que ir para casa buscar, e eu não estava a fim de ir para casa, pegar dinheiro e voltar. Até porque se para casa fosse, não voltaria. E eu queria ficar em casa, pelo menos uma noite, a noite inteira em casa, sozinha. E a vontade de ficar sozinha ouvindo um som legal me agradava. Mas e o que mais? Quando decido ir, uma pergunta idiota me é dirigida: Tu tá a fim de tomar uma cerveja?

Cerveja de graça, som bacana. Voltei para a mesma mesa, acompanhada do documentário que mal se ouvia. As mesas estavam sendo preenchidas. Anunciavam-se rodas de amigos que ali ficariam algumas horas, ou então casais que sentavam, tomavam uma cerveja e logo se mandavam dali. Acabou a cerveja. Pego a bolsa. Quando firmo os dois pés no chão para levantar-me, começa o tal cd. Vou esperar até “Eight days a week”. Fiquei a noite toda torcendo para não encontrar ninguém. E logo quando começa essa música um conhecido senta-se junto à mesa, mas logo percebe que não estou a fim de muito papo, entende, dá o fora. Acabou a música, agradeço a cerveja grátis ao dono do bar. Decido ir pelo caminho mais longo e mais movimentado. Na última quadra antes de chegar em casa encontro mais um conhecido, ao qual digo que já estou indo. Já na esquina da rua onde fica o prédio que moro, outro conhecido. Tudo é decisão, não é? E a noite acabou assim: a volta ao bar, mais uma cerveja, um sono bom e o prenúncio de uma quarta-feira com bons momentos.

3 comentários:

Leonardo disse...

Rica história.
Das muitas pessoas indecisas que eu conheço, tu é a que, decididamente, mais indecisa fica em decidir acreditar, ou não, que as tuas escolhas são tomadas pela indecisão de não saber que, na verdade, tu é extremamente decidida.
:P hehehe
É bom brincar com os singificados das palavras, principalmente quando elas enganam.

bjs!

Anônimo disse...

Mas... q bela narração!!!!!! =D

bah... mas como tu conhece gente por aí, né?!
hihihihihi

bjoooooo... e me visite!

Anônimo disse...

Falas em preocupação e por preocupação é que teço este comentário.

Se ela, a preocupação, é inquietação, então é por sua causa que nos movemos... e vivemos.
E se a vida é movimento, então ela é a causa, o motivo e a razão de vivermos (é tão básico que chega a ser redundante). Sim. Vivemos porque nos preocupamos com o que possa ser a morte. É. Vivemos, nos movemos e nos inquietamos e isto é a vida, inquietação, preocupação que um dia cessa... E com o cessar da vida cessam também nossas preocupações. Assim. Lugar de gente despreocupada é no cemitério@;-)

É claro. Como diria o velho e bom Aristóteles, a virtude é o meio termo entre a falta e o excesso. Dessa maneira não sejamos defuntos, tão pouco loucos.

Culpas e (in)decisões são o efeito de tudo isso. O que nos resta, sem querer ser nietzscheano, é amar as fustigações da vida, pois elas são necessárias para "atiçar" a vontade de viver.